Jantar à luz de velas, flores, cavalheirismo está sempre em moda e neste Dia Internacional da Mulher, enquanto os tamborins se aquecem, as passistas ensaiam um sorriso, porque o samba já está com certeza na ponta dos pés, reflito cá em meu camarote de expectadora. Porque será que o cavalheirismo e a ternura ficaram, tão esquecidos? Andar de mãos dadas, sentar no banco da praça para um namoro ingênuo, andar abraçados mesmo depois de casados. O mundo corre e os relacionamentos definham muitos deles, não todos. Ainda a gente vê casais de mais de vinte e cinco anos de casados de mãos dadas pelas ruas; mas é mais comum em cidades do interior e mesmo assim mais raro em nossos dias.
O samba parece afinado, as coreografias, acirradas, sempre um sorriso no rosto, mas será mesmo que este sorriso é verdadeiro? Quantas mulheres não escondem lá no fundo do coração, as mágoas de uma vida infeliz, de violências domésticas, de abandono, desenganos...
Na passarela do samba muitas poses para foto, pra câmera da Globo... Mas na aproximação da câmera, no close sem piedade, quantos olhos tristes, lágrimas de sofrimentos ocultos. Muitas mulheres sofrem, mas se esquecem da dor na passarela do samba. O carnaval é aquele refúgio, a fuga da realidade, são mulheres que aparentam estar no auge da fama, mas na privacidade da vida estão sem forças pra lutar, mudar situações.
Quantos motivos temos realmente pra comemorar? Talvez comemoração não seja bem o termo, ainda há muita luta a travar muitas conquistas pela nossa causa.
O feminismo é muito pouco pra nós. Precisamos de dignidade, cuidado, respeito.
A mulher objeto ainda é uma realidade muito forte no meio de nós. Quantas meninas, precocemente mães, ou se prostituindo abertamente; outras orientadas despudoradamente pelas próprias famílias a usarem o preservativo, para livrar a consciência, mas a orientação sexual, sentimental realmente, falta.
Formar é uma vocação que na teoria toda mãe devia ter, mas em nosso mundo moderno, de famílias mescladas, às vezes torna-se difícil ser mulher e mãe.
A mulher cada vez mais é levada a ter iniciativa na conquista, o mundo cobra de nós uma posição de igualdade no sentido de produção e ainda um desdobramento heróico de nossas funções de dona de casa, estudante, avó.
A ditadura da beleza dita normas desleais, enfatizando as mulheres em evidência na mídia e discriminando a mulher comum, lutadora do dia a dia.
A bateria aumenta o som, cada vez mais alto passando pelos palanques dos jurados tiranos, que não perdoam uma só falha. Não permitamos que o som da alegria encubra nossas consciências, porque após o carnaval vem a quarta-feira de cinzas, a hora da verdade, da reflexão, hora, quem sabe do jantar à luz de velas, pra clarear o que ficou obscuro, os perdões não dados, o diálogo em família não realizado.
Mas ainda dá tempo de alegria, de reflexão, de jantar à luz de velas, não precisa agendar o dia, comemore hoje mesmo, retome a vida, os valores esquecidos, faça diferente acontecer o carnaval e o Dia Internacional da Mulher!
Charpèry
AMAR, mais que amar!
É com certeza muito mais sublime amar.É uma escolha nossa. Somos nos que decidimos amar, triste se ao invés de darmos nossa parcela de felicidade para as pessoas ficarmos esperando que elas nos amem, nos entendam, nos procurem, sorriam pra nós. Se voce partilha desta verdade, se voce vê estrelas demais; então este blog é pra voce.
Quem sou eu
- Charpèry
- É um pseudônimo, mas sou eu mesma, porque fala de mim como escritora, amante da arte em todas as sus manifestações, fala de personagens como O Vagabundo de Charles Chaplin que pra mim demonstram a realidade deste mundo, a busca da ternura , ao mesmo tempo a tirania da máquina. Fala de afetividade, sentimento tão esquecido ultimamente, mas tão motivadora pra vida. Sou eu, um pouco de meus amigos, muito de meus familiares. Somos nós.
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