MIOSÓTIS AZUIS

Mal acabara de sentar-me em meu posto de trabalho, de volta do almoço, ouvi alguém dizer: A Imaculada morreu.
Em meio a lágrimas voltei-me para a Serra da Mantiqueira e entrevi miosótis, delicadamente miosótis azuis. Contemplei o céu tristemente; eu estava triste, mas o céu, sorridente, humildemente solene e irrevogavelmente feliz com a volta da frágil menina Imaculada.
O sofrimento acabara com a morte e a sorte agora era outra: vida, muita vida, vida no colo da mãe que Imaculada nem vira direito, pois a perdera cedo, vida no colo do Pai Celeste e do pai terreno..
Agora, Imaculada tinha dois pais e duas mães, como dizia minha sobrinha Maria, quando criança.
Desliguei-me por um minuto do trabalho e a notícia me fez pensar em como somos frágeis e sensíveis e como os frágeis são tão sensíveis, e são, ao mesmo tempo tão lindos interiormente e dignos de reflexão.
Consolo-me pois é assim que me sinto também, tão frágil e sensível diante de tudo. Mas diz Jesus que os fracos é que são fortes e diz isso através de São Paulo, apóstolo, homem forte e guerreiro em sua juventude, mas que ao deparar-se com Jesus, sente-se tão frágil, pecador, ao mesmo tempo tão confiante na palavra deste mesmo Jesus, permanece firme na fé, caminha a passos largos na corrida do Reino de Deus e percebe que nem o sofrimento, nem a dor, nem a morte podem separá-lo do amor de Deus.
Miosótis que somos, sopros humanos alcançados pelo sopro Divino como Imaculada menina, ainda que moça, frágil, ainda que mulher e livre, agora que corre para os braços de Deus.